quinta-feira, 16 de junho de 2016

Crônicas da Cidade Condenada: Sacrifício

Ei! Esta é a sexta parte das Crônicas da Cidade Condenada. Se quiser ler a quinta parte, clique aqui. Ou, se quiser ler a primeira, clique aqui.

***
 Rogerus

- Nenhum guarda cercando a torre. Preocupante - eu espiava por detrás de uma casa.

- Tem uma janela aberta lá em cima - Giovan subiu num barril e se debruçou num telhado, tomando cuidado para não ficar exposto demais. Sua tática de aproveitar o terreno elevado era inútil quando o assunto era espionar uma torre.

- Por isso que guerras são simples, é só chegar com o pé na porta. Não existe outra entrada - Miguel resmungou.

- Aposto que o canalha irá lançar uma bola de fogo ou um raio congelante nas nossas cabeças assim que dermos as caras - Giovan desceu do barril.

- Ele nem precisa gastar magia com a gente, óleo fervente já encerraria o nosso dia - comentei.

- Quantos soldados ele deve ter lá dentro? - Miguel falava como quem pensa alto.

- Muitos. Sem falar em armadilhas e talvez até experimentos. O cara gosta de comprar cobaias vivas - Giovan informou. - Se conseguirmos entrar despercebidos, até dá pra evitar os guardas. Eles devem estar concentrados na porta, esperando a gente.

- Com certeza tem uma guarnição com o McKinley e outra com a minha filha.

- Miguel, numa boa, a gente já enfraqueceu as principais gangues da cidade. É melhor negociar agora.

- Nós não matamos os líderes e agora é tarde demais pra pensar nisso.

- Simplesmente não dá pra entrar pela porta da frente - determinei.

E fez-se silêncio entre nós três.

- Estão ouvindo isso? - Giovan ergueu uma sobrancelha.

Não dava para ouvir nada. Fechei os olhos e me concentrei por um instante.

Passos.

Empunhei a Longinus.

- Apareça!

- Shhh, vão chamar a atenção dos guardas - era uma voz de mulher. De menina, na verdade.

Ruiva, alta e amedrontada. Ela saiu de uma viela e se aproximou sem fazer quase ruído nenhum. De perto, era nítido: uma adolescente. Talvez sua altura enganasse, mas o rosto sardento de criança, a voz fina demais e os olhos azuis e apavorados deixavam claro que era apenas uma garota. Mas não se vestia como tal.

Uma meia longa e remendada se estendia até a coxa para valorizar a pouca carne das pernas à mostra. Por outro lado, uma saia curta e rasgada deixava detalhes demais escaparem. Apenas um corselete e uma blusa puída tampavam o torso, deixando o decote, ombros e pescoço visíveis. Carregava apenas uma bolsa de couro larga, provavelmente para guardar várias mudas de roupa. Somente um imbecil iria gostar de ver uma adolescente daquele jeito. 


- O que você está fazendo aqui? - Giovan conteve o susto e uma aparente irritação.

- Vim agradecer.

- Enlouqueceu? Eu te falei pra ir pra casa.

- Mas você vai morrer.

- Eu não vou discutir. Não te salvei de uma taverna em chamas pra você vir pra torre do homem mais perigoso da cidade.

- Eu conheço essa torre por dentro.

- Eu já falei… O quê?

- Antes você tinha minha atenção, agora tem minha curiosidade - Miguel se meteu na conversa.

- Eu conheço tudo lá dentro.

- Como? - Giovan estava incrédulo.

- Já estive em duas festas do McKinley. O lugar nem é tão assustador quanto falam.

- Festa é uma coisa, conhecer tudo é outra - Miguel estava desconfiado.

- Acha que sou idiota? Sempre que um cliente dorme, eu faço questão de conhecer cada cômodo da casa. Pra caso eu precise fugir correndo. E caso tenha algo de valioso também. Sabe quantas meninas já apanharam por que a esposa chegou antes da hora? Só uma idiota não traça um plano de fuga na primeira oportunidade.

- Tudo bem, já explicou o suficiente - Miguel cortou. - Só não explicou o que você está fazendo aqui.

- Vim ajudá-los.

- Eu contei tudo pra ela - Giovan percebeu que a desconfiança do conde só aumentava.

- O quê? Quando?

- Não está óbvio? - Questionei.

Para Miguel, não estava.

- Quando saímos da taverna do Yojimbo - Giovan explicou.

- Então era isso que você foi fazer?

- Eu expliquei o sumiço.

- Só não explicou que ia salvar uma criança.

- Ei, não fale de mim como se eu não estivesse aqui. Digo, vossa senhoria - a menina gaguejou. - O nome é Nimh.

- Tudo bem, Nimh, como podemos entrar na torre?

- Pelo esgoto.

- A cidade não tem esgoto.

- McKinley mandou instalar debaixo do laboratório alquímico.

- Você explorou a torre mesmo, heim.

- Eu disse que conhecia tudo. E posso tirar sua filha de lá de dentro.

- Nem pensar - Giovan intercedeu.

- Na verdade, pode ser nossa última escolha - Miguel quase lamentava.

- É arriscado.

- Giovan, por favor - Nimh parecia disposta a suplicar. - Eu sei lidar com os guardas sem precisar matá-los.

- Não acho que essa ideia vai funcionar hoje e, por mais que funcionasse, eu não vou te submeter a isso.

- Eu posso envenená-los, cabeção.

- Eu já disse que… Ahn?

- O Yojimbo não sabe, mas eu pego algumas drogas dele de vez em quando. Estou ficando boa em misturá-las e…

- Mais uma vez você já explicou o suficiente - Miguel interrompeu. - Nós três seremos as iscas. Vamos direto pro McKinley e vamos obrigá-lo a convocar todos os seus homens pro nosso combate. Quando não tiver mais ninguém guardando a minha filha, Nimh invade o cárcere e as duas fogem pelo esgoto.

- E a gente? - Perguntei.

- Só precisamos matar um homem.

- Nimh, tem certeza? - Giovan estava preocupado.

- Invadir a casa de um homem perigoso, arrombar alguns cadeados e talvez precisar seduzir e botar alguns capangas pra dormir? A única novidade no meu dia vai ser salvar alguém.

- Última coisa - Miguel falou como se estivesse prestes a fazer um anúncio oficial. - Sinceramente, eu não estou preocupado em sair vivo dessa torre. Essa cidade é podre, mas é o que eu mereço. Cheguei a conclusão de que vocês são muito melhores do que eu em tudo, então… Independente do que acontecer lá dentro, vocês dois serão os protetores da minha filha a partir de hoje e estarão encarregados de ajudá-la a limpar essa cidade.

E, mais uma vez, fez-se silêncio.

- Caso você não saia de lá vivo - complementei.

- É, isso mesmo - o conde fingiu uma risada. - Caso eu não saia de lá vivo.

E, sem mais nenhuma palavra, contornamos as casas até chegarmos no rio.
 

 ***

- Como que eu não sabia disso? - Miguel se espantou com o esgoto sendo despejado na fonte de água mais importante da cidade.

- Eu também não sei como você não sabia de muitas coisas - Giovan deu de ombros e entrou no túnel.

O cheiro era pavoroso e o chão era pegajoso. Fungos e vermes conviviam sem nenhuma timidez, todos parecendo maiores do que o natural. Um cogumelo alcançava o meu joelho e eu vi pelo menos três ratos do tamanho de cães.

- Já esteve aqui? - Giovan perguntou para Nimh.

- Felizmente não - ela tampava o nariz com os dedos. - Descobri o alçapão no laboratório e fiz um passeio pelas redondezas no dia seguinte. Preferi ficar só na dedução mesmo.

- Respirar pela boca pode ser pior - comentei.

Ela tirou o dedo, fez uma careta e voltou a segurar as narinas logo em seguida.

- Por que esse esgoto precisava ser tão grande? - Giovan observava os tijolos manchados de roxo, verde e amarelo, os numerosos corredores adjacentes e a fauna e flora local, cada vez mais diversificada.

- Talvez pudesse ser uma rota de fuga pro próprio mago - desviei de uma cipó que parecia me vigiar.

- Ou estivesse estudando os efeitos dos dejetos - Miguel encarava um sapo do tamanho de uma bota e com uma carapaça espinhosa.

- Impossível qualquer um suportar esse cheiro - Giovan não se conformava com o ambiente.

Ninguém disfarçou o calafrio ao ver uma pilha de corpos decompostos, a maioria apenas ossos.

- Acho que é ali - Nimh desviou nossas atenções dos cadáveres.

E finalmente a entrada para o laboratório. Um túnel de um metro de comprimento. Apenas um problema: ficava no teto. Precisaríamos dar um jeito de escalar até o alçapão e rezar para que ele não estivesse trancado.

- Ouviram isso? - Giovan estancou subitamente.

- Já reparou que sempre que você faz essa pergunta, algo ruim acontece logo em seguida?

- Nimh, pra trás.

Vozes. Vindas de um corredor. Pareciam estar discutindo. Algumas sussurravam, outras balbuciavam. E então, a coisa surgiu.

Uma massa disforme de carne rastejou por um corredor e nos mirou com seus incontáveis olhos surpresos. Olhos castanhos, azuis, verdes, amarelos, laranjas, rosas e provavelmente mais cores do que eu poderia descrever. E bocas. Dentes, gengivas e línguas falavam, rosnavam, choramingavam e davam risadas.

Aquilo não fazia sentido nenhum e estava vindo em nossa direção. Parecia rolar, de forma que as bocas que estavam no chão se voltavam para cima e as que estavam por cima passavam a servir de apoio. Não sei quantos olhos me encaravam ou quantas bocas queriam me morder, só sei que ergui Longinus e me preparei para o combate.

Antes de nos alcançar, a coisa pareceu hesitar, mas essa impressão não passou de uma esperança tola. Algumas vozes se calaram por um momento, apenas para cuspirem um spray asqueroso em cima da gente. Tentei recuar e percebi que a lama aos meus pés estava mais densa, prendendo-me ali mesmo. Aparentemente, a coisa deformava o solo ao seu redor também. Só tive tempo de proteger a visão e sentir minha pele arder com o ácido.

- Meus olhos! - Miguel gritou.

Percebendo quem ficara mais vulnerável, aquilo foi para cima do conde. Com muito esforço, dei um passo e estoquei, perfurando um flanco, se é que aquela aberração tinha flanco. Algumas vozes gritaram, outras me xingaram e algumas pediram mais.

- Que merda é essa? - Soltei.

- Estou pensando em apelidar carinhosamente de “pesadelo”. Agora presta mais atenção em fazer isso parar - Giovan atirava uma flecha atrás da outra, sem nenhum sinal de qualquer efeito.

Um olho foi perfurado, mas ainda havia dezenas ou centenas ao redor. Uma língua foi decepada, mas os dentes partiram a flecha e mastigaram a madeira. Buracos e mais buracos foram feitos na carne ao redor, sem diminuir a fome frenética.

- Vem, vem vem! Quero jantar! Não, por favor, eu sou inocente! - As vozes não paravam.

Estoquei mais uma vez e uma boca agarrou a haste da Longinus, ignorando que estava sendo mutilada por dentro. Cogitei enfiar a lâmina ainda mais fundo, mas percebi que seria abocanhado por todos os lados. Puxei a glaive de volta e ela estava presa.

- Eu quero a luz do dia! Isso, isso! De acordo com a teoria do Multiverso, existem infinitos…

Puxei com mais força e nada. A coisa tentava se aproximar. Dei um passo para trás e o terreno manteve meu pé encalhado. Dei mais um passo e o terreno subitamente estava escorregadio e eu tropecei no chão.

O desespero tomou conta de mim enquanto tentava me levantar sem soltar a Longinus e sem me deixar ser abocanhado pela aberração.

- Cala a boca! Eu quero minhas mãos de volta! Eu te odeio! Por favor, me mata!

Eu estava quase ficando de pé quando a coisa largou a Longinus e, sem apoio, eu retornei para os dejetos no solo. E uma boca agarrou meu pé. E outra mordeu a minha coxa. E toda a minha cintura estava envolvida por carne e dentes. Sem conseguir rastejar, senti meu corpo sendo puxado para dentro da aberração. Percebi que a carne estava pegajosa, tentando se conectar à minha. Logo, só restava meu tronco para fora. E então, apenas meus braços.

É impossível descrever o que eu senti. Tudo me mordia. Tudo era mordido. Os olhos continuavam abertos, pegajosos, vidrados. A carne era esponjosa e repulsiva. E as vozes eram infinitas.

- Bem-vindo. Me desculpa. Mais um, mais um, mais um. Estou com fome!

E então algo do lado de fora puxou a Longinus. Respirei fundo, mas sem alívio. Comecei a me debater enquanto meus dois amigos me puxavam juntos. Quando estava pela metade, a coisa tentou me puxar de volta e eu senti minhas costas se estendendo numa dor alucinante.

Antes que eu fosse engolido de novo, Miguel soltou Longinus, ergueu sua espada de duas mãos e desceu com ímpeto, abrindo uma fenda generosa na aberração. Obstinada, ela me puxou mais. Miguel deu outro golpe e, dessa vez, ela recuou, quase partida ao meio.

Na primeira oportunidade, arranquei um pé de dentro da coisa e comecei a acertar chutes aleatórios até que a outra perna finalmente fosse libertada. Confesso que já não estava raciocinando e tudo que eu queria era fugir dali. Engatinhei pelos dejetos alquímicos ignorando que meus olhos ardiam, que minha boca estava entranhada com um gosto de enxofre e que até meu cabelo estava imundo de substâncias que eu sequer conhecia. Era preferível estar no meio do lixo do que naquele lugar.

Até que eu vi Nimh.

Ela estava paralisada. Apenas as lágrimas confirmavam que não havia virado uma estátua. Enquanto meu instinto berrava por fuga, a menina não conseguia ter reação nenhuma. Apenas olhar para a aberração impossível que tentava nos devorar.

Eu podia correr, ela não.

Eu podia morrer, ela não.

Levantei-me e apontei Longinus para a coisa. Os buracos provocados pelas flechas e as fendas abertas pela espada não eram o suficiente nem para espantá-la. Morreríamos antes de conseguir matá-la com armas.

- Nimh! - Berrei.

A garota pulou para trás como quem é acordada no susto.

- Preciso de um veneno! Agora!

- Qual?! - As mãos da coitada tremiam em espasmos bruscos enquanto ela abria a bolsa. Nada de roupas, apenas frascos.

- Qualquer um - enfiei a mão e catei o primeiro ao alcance.

Aproveitei que meus amigos recuavam, mirei numa boca e arremessei. Acertei em cheio e a coisa mastigou e depois tentou cuspir. Peguei outro frasco e acertei um olho, que se desfez em meio ao veneno e aos cacos de vidro. Catei mais um…

- Espera, esse não é veneno!

Tarde demais, o recipiente já estava no ar quando Nimh terminou de falar. Errei a boca de novo e o vidro estourou e o líquido se espalhou numa das feridas provocadas por Miguel. O que fez todas as bocas urrarem numa cacofonia dolorosa e eu juro que pude ver parte da coisa murchar.

- Seja lá o que for, me dá mais!

Outro frasco estourado bem numa ferida, mais berros e finalmente a coisa começou a recuar. Miguel percebeu o que estava acontecendo, se aproximou, catou dois frascos com cada mão e arremessou tudo nas feridas sem errar nenhum.

Gritos. Dor. Desespero.

Mais arremessos.

Mais gritos. Mais dor. Mais desespero.

Mais arremessos.

Mais gritos.

Mais dor.

Mais desespero.

Mais arremessos.

Mais.

Mais.

Mais.

- Chega! - Miguel gritou e foi a minha vez de pular como quem acorda no susto.

A aberração já estava morta. Não sei há quanto tempo.

Quis coçar os olhos e vi que minhas mãos estavam imundas. Preferi ficar com a visão embaçada mesmo. Infelizmente, naquele momento, a coisa parecia ainda mais nítida.

E também parecia mais aceitável. Ainda grotesca. Ainda impossível. Mas aceitável. Ou era eu que estava me acostumando?

Quando a ideia de aceitar aquilo se passou pela minha cabeça, me senti repulsivo. Logo, a aberração voltou a me causar náuseas e eu me dei conta de que ela permanecia tão inaceitável quanto antes. E que eu não podia me permitir me acostumar com aquilo.

Ninguém disse nada por um longo tempo. Toda vez que eu tentava pensar em como escalar o túnel para a torre, acabava olhando para o cadáver da aberração. Os olhos ainda abertos. Todos eles. Cada um deles.

Eu precisava pensar em outra coisa. Qualquer coisa. Era como se a minha sanidade tivesse fugido de um afogamento e estivesse exausta à beira da praia depois de vomitar água salgada.

Olhei para o outro lado. Respirei. Cogitei rezar.

Não adiantava. Eu não ia parar de pensar naquilo tão cedo. Fugir não era uma opção. Talvez fosse melhor aceitar que o pesadelo era verdadeiro e palpável.

O silêncio começou a se tornar confortável e cruel e eu precisava sair daquele esgoto nem que fosse em pensamentos. Precisava de alguma luz, algum perfume, algum paladar adocicado.

- Afinal - puxei assunto com Nimh -, se aquilo não era veneno, o que era?

Ela precisou de um momento para digerir a pergunta, provavelmente estava ocupada tentando não abraçar a loucura também.

- Era esmalte.


 ***

- Cuidado com a lâmina.

- Eu vivo tendo cuidado com essa porcaria.

Giovan foi o último a subir para o laboratório de alquimia do McKinley. Na verdade, o porão da torre transformado em laboratório. Limpo e organizado. Mesas, livros, frascos e uma centena de coisas que eu não conheço.

Miguel havia me ajudado a escalar para o túnel vertical, eu subi primeiro e não tive muita dificuldade para abrir o alçapão. Depois eles ajudaram Nimh a alcançar a haste da Longinus para que eu a puxasse para cima. Então Miguel veio e Giovan por último. Com eles, não tive o cuidado de estender a ponta sem a lâmina.

- Calmo demais - Miguel resmungou.

- Ninguém imaginaria uma invasão pelo esgoto - Giovan sugeriu.

- Nós imaginamos. McKinley não é burro. Na melhor das hipóteses, ele contou que aquilo fosse proteger essa entrada - falei.

- Que seja. E agora? - Giovan se focou no nosso atual problema.

- Agora eu conheço os corredores - Nimh já estava na escada espiralar. - O primeiro andar é a área social, o segundo é a biblioteca, o terceiro é escritório, o quarto são os cômodos privados e o quinto é mais um laboratório. Um prisioneiro de luxo deve estar num dos quartos de hóspedes.

- McKinley deve estar no escritório - sugeri.

- Se ele planeja nos enfrentar, não vai ser num cômodo importante e cheio de papéis - Giovan me corrigiu. - Deve ter planejado uma cena extravagante, provavelmente num salão de festas ou numa mesa de banquetes. Primeiro andar, onde ele poderia nos enfrentar antes mesmo de chegarmos perto da Lys.

- Vamos todos juntos até termos certeza de onde cada um está. Quando soubermos, nós três pegamos McKinley e Nimh busca a Lys - Miguel comandou. - Melhor não fugir pelo esgoto, só o risco de vocês se machucarem pra descer pelo alçapão já é um problema. Se vocês não conseguirem fugir por outro caminho, nos esperem aqui mesmo. Entendidos?

Todos confirmaram com a cabeça e nós quatro subimos para o primeiro andar, onde tudo continuou calmo demais. Sem guardas, sem monstros, sem armadilhas. A torre parecia estar dormindo. Nem na entrada principal, onde achamos que teria uma guarnição nos esperando.

Vazio.

Até que encontramos um corredor iluminado por lâmpadas a óleo.

- Sala de banquetes - Nimh informou.

- Armadilha - eu disse o óbvio.

- Se quiserem, eu vou sozinho - Miguel se prontificou.

- Nada disso, vamos seguir o plano. McKinley não espera que mais alguém ajude nós três - Giovan deu um passo a frente. - Nimh, tem certeza que não é arriscado demais?

- Sou boa em evitar riscos. Lys estará fora dessa torre em cinco minutos - a jovem continuava tímida, apesar de não ter mais receios na voz.

- Conto com você - Miguel tentava disfarçar o nervosismo. Agora vamos, precisamos matar um mago.

E seguimos para o salão de banquetes.


***

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Em breve, Três Homens em Conflito, a sétima e última parte das Crônicas da Cidade Condenada!

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